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04 setembro 2014

Alergia alimentar: mães exigem mais informações em rótulos de produtos

Em campanha na internet, mães sugerem mais clareza nas informações dos rótulos de produtos industrializados com alimentos alérgenos, como leite e ovo, que podem causar graves problemas à saúde.




Famosos, como Paula Toller, que é diabética, abraçaram a campanha #poenorotulo / Fotos: Divulgação
O que o músico Tony Bellotto, o ex-jogador Zico e o cantor Gusttavo Lima têm em comum? É que esses e outros famosos abraçaram a campanha "Põe no rótulo", que tem feito sucesso nas redes sociais e já reúne mais de 23 mil curtidas no Facebook. 

Criado por cerca de 600 famílias de crianças com alergias alimentares, o movimento pretende tornar obrigatória a rotulagem de produtos industrializados que contenham alimentos alérgenos, como leite, ovo, crustáceos e amendoim.

No Brasil, estima-se que cerca de 8% das crianças e 3% dos adultos têm alergia alimentar. "A clareza nos rótulos ajudará também pessoas com doença celíaca, diabetes, problemas renais e cardíacos", diz a gastropediatra Cristina Targa.

Alergias têm graves consequências para a saúde

As alergias mais comuns nas crianças menores de dois anos de idade são causadas pela proteína do leite de vaca e da soja, segundo a gastropediatra. "A maioria dos produtos industrializados contém proteínas do leite, fazendo com que o consumo se torne perigoso de desencadear reações", conta Cristina Targa. Entre os componentes dessa proteína estão também a caseína, a lactoalbumina e a betaglobulina. "Estes componentes não são explicitados nos rótulos, ou seja, se não estiverem atentos, os pais podem estar oferecendo perigo aos filhos sem saber", alerta Mariana Claudino, jornalista e mãe de Mateus, de 4 anos, alérgico às três proteínas do leite. 

De acordo com a gastropediatra, existem dois tipos de alergia: a imediata, que ocorre em até duas horas após o contato com a proteína, e a tardia, que pode provocar vômitos, diarreia e sangue nas fezes até cerca de uma semana após o contato com o alimento. "A alergia imediata pode, ainda, causar choque anafilático. Isso gera grandes riscos para a criança", explica Cristina. Entre as consequências dessas alergias estão também o fechamento de glote e, em casos mais graves, até a morte.

#poenorotulo: direito à informação, à saúde e à segurança alimentar.


Mãe de Rafael, que tem alergia múltipla desde recém-nascido, a advogada e doutora em Direito Constitucional pela PUC/SP, Maria Cecilia Cury, foi uma das fundadoras do movimento e usou o tema como defesa de sua tese de doutorado. "Há alimentos que podem ser um veneno para algumas pessoas. Precisamos garantir mais qualidade de vida para eles. Queremos comer com segurança", conta. Para driblar a falta de informação dos produtos industrializados, Cecilia elaborou uma lista de opções seguras para consumo, criada após contatos constantes com SACs de empresas alimentícias. "A campanha se fundamenta na necessidade de identificar a presença de alérgenos nos produtos, no direito à informação, no direito à saúde e à segurança alimentar", diz.


Estima-se que cerca de 8% das crianças brasileiras têm alergia alimentar / Foto: Getty Images

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